Vital para evitar câncer, nova vacina para HPV é lançada no Brasil

Uma nova vacina utilizada contra o HPV, o papilomavírus humano, foi lançada nesta quarta (8) no Brasil. O novo imunizante, fabricado pela farmacêutica MSD, é formulado com nove sorotipos, cinco a mais se comparado com a vacina que já existe no país. O preço da dose está entre R$ 800 e R$ 950 -em adultos, a recomendação é de três aplicações.

O HPV é um vírus sexualmente transmissível e, em muitos casos, pode não causar nenhum sintoma de início. Mas em situações como de imunidade baixa, lesões semelhantes a verrugas podem surgir na pessoa infectada.

Além dessa manifestação, a longo prazo, o vírus pode causar o desenvolvimento de diferentes tipos de cânceres, como de colo de útero e de pênis. Tumores de boca e de garganta também têm associação com o agente.
Uma das principais formas de prevenir a infecção e os efeitos negativos do HPV é pela vacinação. A OMS (Organização Mundial da Saúde) reconhece seis tipos de vacinas contra o HPV: três são bivalentes, duas quadrivalentes e uma nonavalente -esta última é a lançada agora no Brasil, mas já estava disponível em outros países, como os EUA.

Embora conte com diferenças na formulação, todos esses imunizantes protegem contra os dois tipos de HPV que mais causam o câncer de colo de útero. Isso porque o vírus tem uma forte associação com o aparecimento desse tipo de tumor: cerca de 70% dos casos estão relacionados com a infecção. Mas, por agir contra uma quantidade maior de sorotipos, a nova vacina resulta em uma melhoria na proteção.

"A probabilidade de aumentar em mais cinco sorotipos que também causam câncer em menor prevalência [...] é ótimo para a possibilidade da gente poder aumentar a resposta e a proteção", afirma Marcia Abadi, diretora médica da MSD no Brasil.

Por exemplo, um estudo observou um aumento na proteção contra o câncer de colo de útero: saltou de 70% no caso da vacina quadrivalente para 90% no imunizante recém-lançado no país.

Por ter eficácia contra o câncer de colo útero, tanto a vacina recém-lançada quanto a quadrivalente que já estava disponível no Brasil são essenciais no combate a esse tumor. No país, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima que, entre 2023 e 2025, serão cerca de 15 novos casos da doença por ano a cada 100 mil mulheres. O número faz com que o câncer de colo de útero seja o terceiro com maior incidência entre a população feminina.

Além das mulheres, o imunizante também é indicado para os homens. O fármaco é importante porque, mesmo que em menor grau, evita cânceres no público masculino, como o de pênis. Além disso, a vacinação impede que eles transmitam o vírus para mulheres. Ou seja, a imunização masculina colabora, de forma indireta, para a diminuição de cânceres comuns no público feminino.

Vacina no SUS Mesmo com o lançamento da nova versão, a vacina quadrivalente já está disponível no SUS desde 2014 e registra alta eficácia contra os sorotipos do vírus que mais causam cânceres. A introdução do imunizante, inicialmente, foi feita somente para meninas com 11 a 13 anos.

Com o tempo, os meninos também compuseram o público-alvo da vacinação, além de haver o alargamento da faixa etária. Em 2022, ocorreu a última alteração, que fez com que garotos e garotas de 9 a 14 anos estejam aptos a tomarem as duas doses do fármaco. Pessoas que vivem com HIV e pacientes oncológicos também podem se vacinar de forma gratuita pelo SUS.

Entre os mais jovens, no entanto, a cobertura vacinal ainda não atingiu a meta de 80% da faixa etária. Entre as meninas, cerca de 57% já tomaram as duas doses da vacina. Nos garotos, o número é mais preocupante: 36%.

A nova vacina com maior quantidade de sorotipos ainda não se encontra disponível na rede pública de saúde, mas a diretora médica da MSD afirmou que existe "uma pretensão de uma conversa com o governo". A Folha questionou se o Ministério da Saúde pretende adicionar a nova vacina ao rol do PNI (Plano Nacional de Imunização), mas não obteve resposta.

Então, por enquanto, o imunizante só é encontrado no mercado privado. Para meninos e meninas de 9 a 14 anos são duas aplicações, enquanto para adultos a recomendação é de três.Folhapress/Foto:iStock

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