“Vou contar os podres”,diz policial que protagonizou beijo gay em formatura da PM e foi desligado da corporação no DF

O Diário Oficial do Distrito Federal publicou nesta quarta-feira (02/03) ,o desligamento da corporação do soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Henrique Harrison Costa.

Ele foi duramente criticado por ter publicado uma foto beijando o companheiro durante a formatura, em 2020, e depois disso ele tinha pedido licenciamento da corporação.

Em entrevista à imprensa, o soldado disse que sofreu discriminação e isolamento por causa da orientação sexual, e por isso pediu o desligamento da corporação.

Henrique disse à TV Globo que estava saindo “da corporação que ama“, mas que “a luta não acaba aí“. “Isso não é uma desistência, mas uma forma de eu poder falar. Eu, na PM, não podia falar porque eu estava abraçado pelo Código Penal Militar e, tudo o que eu falava, podia virar crime“, diz o agora ex-militar.
Em 2021, Henrique ficou oito meses de licença para tratar de um quadro de depressão e ansiedade, causadas, segundo o médico do policial, pela reação de outros policiais após o beijo no parceiro, durante a formatura militar.

Ele conta que tentou voltar ao trabalho, mas o preconceito e discriminação continuou. “Depois das tentativas claras da PM de diminuir para que eu fosse exonerado, eu mesmo fiz isso”, diz ele. “Eles me jogaram em um canto da corporação, pra trabalhar em um local totalmente insalubre, quando eu retornei, com restrições [médicas] Era claro que não queriam que eu melhorasse“, aponta. Desvinculado da corporação, Henrique conta que vai “falar todos os podres” e “buscar Justiça“, com a responsabilização de homofóbicos.

“Vamos buscar os agentes que me assediaram, que abusaram do poder. Meu licenciamento não é uma desistência, é o começo de uma luta“, diz ele.

Em nota, a Polícia Militar informou que as investigações que envolviam o soldado “perderam qualquer vínculo disciplinar, pois o mesmo não faz mais parte da corporação”. Em relação às ofensas que Henrique diz ter sofrido, no ambiente de trabalho, a PM informou que “não comenta sobre decisões que ocorrem fora da esfera da administração militar, decisões essas que ocorreram na Justiça Civil”.

A Justiça do Distrito Federal já havia condenado o primeiro-sargento Astrogilson Alves de Freitas, a pagar R$ 5 mil de indenização a Henrique, por conta das ofensas e ameaças homofóbicas. A decisão, de primeira instância, foi publicada em setembro, e ainda cabe recurso. Outras 11 pessoas são rés em outro processo criminal na Justiça, também por conta de comentários homofóbicos.Foto:Reprodução/Arquivo pessoal

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