Governo distribui sementes crioulas e incentiva produção de alimentos saudáveis

Em mais uma ação concreta de fomento à agricultura familiar do Rio Grande do Norte, o Governo do Estado iniciou, nesta terça-feira (14), no Campus da Ufersa, em Mossoró, o processo de distribuição de aproximadamente 54 toneladas de sementes originalmente cultivadas sem agrotóxicos, livres de transgenias, da Safra 2021/22 do Programa Estadual de Sementes Crioulas.

Também chamadas de sementes da tradição, pelo fato de serem preservadas a cada safra por um guardião ou guardiã da família, as sementes crioulas representam respeito às comunidades tradicionais e possibilitam a manutenção de hábitos alimentares saudáveis e a baixo custo.

A governadora Fátima Bezerra celebrou, junto aos agricultores e às agricultoras familiares que ocuparam o auditório Amâncio Ramalho, da Universidade Federal Rural do Semiárido, as ações de fortalecimento da agricultura familiar no estado, implementadas em sua gestão desde o ano de 2019, como é o caso da Política Estadual de Sementes de Cultivares e Mudas Crioulas, amparada pela Lei Estadual Nº 10.852/21.
“Eu quero dizer da importância deste momento, em que estamos fazendo nosso dever de casa, garantindo que as famílias tenham a previsibilidade de plantar a tempo de alcançar o inverno. Com as bênçãos de Santa Luzia, teremos muitas chuvas”, afirmou. Ela ressaltou o fato de este ser o maior programa de aquisição de sementes tradicionais do país. 

"As sementes crioulas representam muito para a agricultura familiar em termos de segurança alimentar e nutricional. E é sobre isso que estamos falando, governar é cuidar das pessoas”.

Inicialmente, 3.375 famílias cadastradas recebem um quantitativo de sementes de milho, feijão, sorgo forrageiro, arroz vermelho, gergelim branco, gergelim preto e fava, como forma de incentivo a permanecerem com suas culturas agrícolas e repetirem hábitos ancestrais. 

O Programa Estadual de Sementes Crioulas, para o qual estão sendo investidos recursos do tesouro estadual na ordem de R$ 900 mil, atende prioritariamente a comunidades tradicionais (quilombolas e indígenas), além de assentados da reforma agrária.
O secretário Alexandre Lima, titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf-RN), destacou o fato de que a aquisição e a distribuição de sementes crioulas implementadas pelo Governo do Estado estão amparadas pela Lei Estadual Nº 10.852/21, de autoria da deputada estadual Isolda Dantas. 

“Esse foi um passo importante para consolidar o nosso programa como o maior do Brasil. Estamos causando uma revolução nas comunidades tradicionais. O programa, em seu terceiro ano de execução, está se consolidando como uma política de estado. Temos uma lei avançada, com dotação orçamentária prevista no orçamento anual do estado”, reforçou.

O gestor destacou a qualidade das sementes, com alto poder de germinação e o máximo de pureza. Na ocasião, foi assinado um convênio com a Fundação Guimarães Duque (de Apoio à Ufersa), que vai viabilizar a análise da qualidade das sementes que compõem o programa. ”É o governo da inclusão. Essa é uma iniciativa da qual me orgulho muito. Vida longa à agricultura familiar no Rio Grande do Norte”, disse Alexandre.

Coordenado pela Sedraf, o programa é executado pela Emater-RN (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), em parceria com a Articulação do Semiárido (ASA Potiguar), União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Uern (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte), Ufersa e outros movimentos sociais do campo. Presente ao evento, o diretor da Emater, César Oliveira, resumiu a importância do programa em quatro eixos: autonomia, cultura, biodiversidade e segurança alimentar. "Se alguém tiver dúvidas sobre o que significa esse programa, essas palavras sintetizam a importância desta ação. Esse governo é um governo que pensa na inclusão social", reforçou.

FEIJÃO-O agricultor José Dorismar de Moura, 53 anos, natural de Patu, é beneficiário desde a primeira safra e considera de fundamental importância cultivar com as sementes crioulas. “Eu recebi 3 kg de feijão pingo de ouro e colhi cerca de 20 kg. Para mim, com todas as dificuldades de manejo com a terra e também a estiagem, foi um resultado muito bom, mesmo servindo apenas para consumo próprio. Eu já guardei as sementes melhores para plantar”, afirmou.

Guardião de sementes em sua comunidade há mais de 20 anos, o agricultor Rildo Souza de Góis, 54 anos, de Felipe Guerra, está fornecendo 300 kg de semente ao governo. “É um programa muito importante porque além de ser um incentivo para quem preserva as sementes, é uma garantia para quem precisa plantar. Se o governo não distribui a tempo, a gente perde a oportunidade de plantar logo nas primeiras chuvas”, argumentou.

Representando a Assembleia Legislativa, a deputada Isolda Dantas, que também é autora da Lei Estadual 10.536/19, que criou o Pecafes (Programa Estadual de Compras Governamentais da Agricultura Familiar e Agricultura Familiar), agradeceu à governadora pela implementação dos programas que fortalecem a economia rural e garantem a produção de alimentos saudáveis. "Não tem nada melhor para uma parlamentar como eu do que ver suas leis sendo tão bem executadas. Está sendo assim com o Pecafes e também com a lei que criou a política de sementes crioulas", declarou.

A agricultora Neneide Lima, líder da Rede Xique-Xique, falou em nome da Unicafes, que articulou o mapeamento das sementes. "Quero agradecer a essa governadora popular, agradecer a cada uma agricultora, a cada agricultor, que mesmo com as dificuldades, conseguiu produzir sementes de qualidade. Muito obrigada! Estamos lutando por um território livre de transgênicos", afirmou.

Os territórios e municípios contemplados são Alto Oeste (Doutor Severiano, Encanto, José da Penha, Pau dos Ferros, Portalegre, São Miguel Potiguar); Sertão do Apodi (Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra, Janduís, Patu, Rafael Godeiro, Severiano Melo, Upanema); Vale do Açu/Mossoró (Assú, Ipanguaçu, Mossoró, Pendências e Porto do Mangue); Sertão Central (Angicos, Fernando Pedroza, Pedro Avelino); e Mato Grande (Taipu, Bento Fernandes, João Câmara, Santa Cruz, Lajes Pintadas, São Bento do Norte, Pureza, Touros, São Miguel do Gostoso Cabugi).Fotos:Elisa Elsie

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