A grande maioria dos brasileiros (90%) diz que ainda estão "pensando como na pandemia", contra 65% dos alemães, 56% dos americanos e 35% dos chineses. E 78% dos brasileiros já estão preocupados com uma outra pandemia a caminho, pior que a de Covid-19.
Foi o que levantou a agência global de comunicação Edelman em maio, para um relatório especial que denominou Mundo em Trauma.
Ouviu 16.800 pessoas de 14 países (além dos citados, África do Sul, Arábia Saudita, Canadá, Coreia do Sul, Emirados Árabes, França, Índia, Japão, México e Reino Unido).
"Esse aspecto sobretudo, do Brasil na liderança deste 'ainda estou pensando como na pandemia', reforça o que a gente vê na prática: a disparidade entre um mundo que começa a retomar a vida e um Brasil imerso na crise, com essa quantidade de pessoas morrendo", diz Ana Julião, gerente geral da Edelman Brasil.
"Reforça que nós pertencemos a um grupo de países que está ficando para trás, em todas as dimensões", acrescenta.
Com isso, até brasileiros já vacinados duas vezes relutam em voltar à rotina, fora de casa: apenas 10% se dizem seguros de permitir aos filhos retornar à escola; 11% se dizem seguros de usar transporte público; e 31%, de voltar a frequentar o local de trabalho.
Na mesma direção, só 17% dos brasileiros entrevistados responderam ter segurança para fazer refeições em ambientes fechados fora de casa, como restaurantes; 21%, de hospedar-se em hotéis; e 24%, de retomar viagens áreas.
"A questão das novas cepas, Índia, está aumentando o medo", diz Ana Julião. "O que se tem observado nas nossas pesquisas ao longo dos meses, desde que a pandemia começou, é um aumento do medo. Quanto mais medo tem agora, menos você confia no futuro."
A pesquisa levantou a expectativa dos brasileiros quanto aos efeitos colaterais da pandemia, chegando a um quadro que chamou de "dupla crise de saúde mental e de desemprego".
Para 69%, o agravamento de problemas de saúde mental estará entre os piores efeitos da pandemia, no país. Para 68%, será a família tendo de lidar com perda da moradia e ruína financeira. Para 62%, jovens enfrentando defasagem educacional. Para 57%, a perda de empregos que jamais serão retomados.Folhapress/Foto:Shutterstock
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