Setembro Dourado alerta para os sintomas do câncer infantojuvenil

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 8.460 novos casos de câncer em crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, sendo 4.310 em meninos e 4.150 em meninas.

No Rio Grande do Norte, a média de novos casos por ano é de 130, sendo que muitos pacientes ainda são encaminhados aos hospitais de referência com a doença em estágio avançado, ou são subnotificados.

Como forma de lançar um olhar mais atencioso aos sintomas, o Setembro Dourado tem como proposta ampliar o debate sobre o assunto e chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce da doença, que aumenta as chances de cura em até 70%. Além disso, quando diagnosticada em fase inicial, é possível um tratamento menos agressivo, preservando a qualidade de vida dos pacientes.

De acordo com Anna Cláudia Sales Gomes Caldas, coordenadora da Rede de Atenção à Pessoa com Doença Crônica, o objetivo do Setembro Dourado é alertar profissionais da saúde, pais, educadores e sociedade em geral sobre a importância de se atentar aos sinais e sintomas sugestivos do câncer infantojuvenil, contribuindo com a sua detecção e tratamento precoce. 
Intensificar esse diagnóstico precoce, uma vez que quanto mais cedo, maiores são as chances de cura e ajuda ao paciente a ter uma vida saudável após o tratamento. “Alguns sintomas são comuns, parecidos aos de outras doenças pediátricas, por isso a importância também da capacitação de médicos e outros profissionais de saúde para auxiliar nesse diagnóstico, além de chamar atenção dos pais e responsáveis aos sinais e sintomas que possam surgir ou se mostrarem persistentes”, ressaltou a coordenadora.

No Rio Grande do Norte em 2019 foram diagnosticados 443 novos casos de câncer infantojuvenil. Segundo diagnóstico detalhado, em primeiro lugar está a leucemia. Em 2019 foram 68 casos. De 2015 até 2019 foram 345 casos de leucemia diagnosticados no Estado. Em segundo lugar está a neoplasia maligna do Sistema Nervoso Central, com 26 diagnósticos em 2019 e 69 entre 2015 e 2019. Entre 2015 a 2018, 214 crianças e adolescentes foram a óbito.

Sintomas: Os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil podem, muitas vezes, ser confundidos com os de outras doenças comuns na infância. No entanto, é preciso que pais e profissionais de saúde estejam atentos, principalmente, aos seguintes sinais e sintomas de alerta recomendados pelo INCA: 

– Vômitos acompanhados de dores de cabeça; desequilíbrio ao andar; irritabilidade; 

– Dificuldade em se movimentar; dores nos ossos ou nas juntas (articulações); 

– Modificação repentina da cor da pele (geralmente pálida); 

– Febre frequente ou persistente; perda de peso; fraqueza; 

– Sangramento em geral; 

– Dores frequentes na barriga; 

– Ínguas ou nódulos com crescimento rápido e sem dor, principalmente no pescoço, axilas ou virilhas; 

– Suor excessivo noturno; 

– Dores de dente sem ter cáries; 

– Manchas roxas no corpo ou nas pálpebras; 

– Nódulos ou manchas na pele que crescem ou mudam de cor; 

– Pressão alta; 

– Secreção frequente pelo ouvido; 

– Características sexuais adultas precoces; 

– Dificuldades de enxergar ou visão dupla; nos olhos: pupila branca ou reflexo de olho de gato. 

- Inchaço abdominal, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias) 

– Tosse persistente, falta de ar; 

– Dores de cabeça, especialmente se incomuns, persistentes ou graves; 

– Fadiga, letargia, mudanças no comportamento, como isolamento. 

A recomendação é que, diante de qualquer um dos sintomas, seja feita uma avaliação criteriosa da criança, com exame físico detalhado, bem como exames laboratoriais e de imagem e análise do histórico familiar. O importante é considerar a possibilidade de uma neoplasia, investigar as causas e aplicar a conduta correta.

Atendimento e capacitações: O atendimento infantil atualmente concentra-se na capital do estado do RN, no Hospital Infantil Varela Santiago, Unidade de Assistência de Alta Complexidade (UNACON) exclusiva de oncologia pediátrica e na Liga Norte Riograndense Contra o Câncer, Centro de Assistência de Alta Complexidade (CACON) com serviço de oncologia pediátrica.

Os dois são habilitados, sendo por isso configurados como referência estadual para atender a população infantil. A Liga Mossoroense de Estudos e Combate Ao Câncer já solicitou habilitação para também atender o público pediátrico, mas esse processo ainda está em andamento.

O RN ainda dispõe de casas de apoio contratadas pelos municípios ou de instituições não governamentais (Casa de apoio à criança com câncer, Grupo de Apoio ao Câncer-GAAC) que proporcionam o abrigo e o transporte desses pacientes, além de fornecer alimentação.

Durante todo o mês, as capacitações sobre o diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil vão acontecer virtualmente, promovidas pelas instituições parceiras, sendo voltadas à sociedade em geral – esclarecendo sobre os principais sinais de alerta e os tipos de câncer mais comuns em crianças e adolescentes; aos profissionais da educação; profissionais da saúde e ainda aos interessados em conhecer sobre como se dá o fluxo de regulação, ou seja, o caminho percorrido pelo paciente oncológico na busca do diagnóstico que pode levar a cura.Foto:Pixabay

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