ONU defende congelamento da dívida em África

A Organização das Nações Unidas defende, num relatório publicado hoje, o congelamento da dívida em todo o continente africano, que precisa de cerca de 169 mil milhões de euros para ultrapassar as dificuldades trazidas pela pandemia de covid-19.

As declarações estão no relatório intitulado "Resposta Abrangente das Nações Unidas à Covid-19: Salvando Vidas, Protegendo Sociedades e Recuperando Melhor".

O texto sublinha "a importância de um congelamento geral da dívida para os países africanos, bem como um pacote de resposta global equivalente a pelo menos 10% do Produto Interno Bruto mundial".

"Para a África", continua a ONU, "isso significa mais de 200 mil milhões de dólares (cerca de 169 mil milhões de euros), para uma resposta eficaz e bases para a recuperação".
Segundo a organização, "os riscos para o continente africano são consideráveis, com testes baixos, saneamento precário, capacidades médicas limitadas e dificuldades na aplicação de medidas de distanciamento físico e sanitário". 

A ONU, que reúne 193 Estados-membros, prevê que a população do continente africano terá de enfrentar, como consequências indiretas da pandemia, insegurança alimentar, perda de rendimentos e meios de subsistência, uma crise da dívida e riscos políticos e de segurança.

O relatório destaca que, em julho, os países africanos já tinham implementado um total de 245 medidas sociais e econômicas.

A ONU recorda o Fundo de Ação covid-19 para África, lançado em 11 de agosto com o objetivo de arrecadar 100 milhões de dólares (84,5 milhões de euros) para a distribuição de equipamentos de proteção pessoal em 24 países durante um ano. A Organização contribuiu na África, para o "aumento da capacidade hospitalar e de exames, fornecimento de materiais médicos e esquemas de criação de empregos e planos inovadores para incentivar o empreendedorismo feminino", pode se ler no relatório.

Segundo o documento, a organização continua fazendo esforços para "impulsionar a agricultura, apoiar o ensino à distância e transferir dinheiro para as famílias, como uma medida temporária para evitar que caiam na pobreza". 

A inclusão de meninas e mulheres "em todas as áreas" e o respeito pelos direitos humanos continuam a ser base para uma sociedade mais justa, defende a ONU.

O relatório publicado hoje destaca que o mundo ainda está na "fase aguda" da pandemia de covid-19, uma "crise humana" que merece o "maior esforço de saúde pública da história".

A ONU quer concentrar os esforços numa resposta a três níveis: na saúde; na adoção de políticas para a salvaguarda de meios de subsistência; e num processo de recuperação inclusivo e "transformador".

Para tal, faz referência ao Plano de Resposta Humanitária Global, do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), que inclui os 63 países "mais vulneráveis", entre os quais se encontram Angola, Brasil, Moçambique, Timor-Leste, República Centro-Africana e Venezuela. 

Segundo a ONU, o Plano de Resposta Humanitária Global requer 10,3 mil milhões de dólares (8,7 mil milhões de euros) mas tinha angariado menos de 25% do valor até 03 de setembro, com cerca de 2,5 mil milhões de dólares (2,1 mil milhões de euros). 

A organização incentiva que todos os países reconheçam a saúde como "um bem público universal" e que garantam a distribuição de vacinas para a covid-19 para toda a população. Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem 31 candidatas a vacinas em processo de avaliação, das quais, nove vacinas em ensaios clínicos.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de infecção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. 

Na África, há 33.047 mortos confirmados em mais de 1,3 milhões de infectados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.Com informações de Notícias Ao Minuto Brasil/Foto:DR

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