A atriz Taís Araujo, 41, disse que os movimentos e protestos antirracistas que surgiram após o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos e se espalharam pelo mundo, inclusive no Brasil, são muito importantes, mas ainda não é possível saber se eles vão gerar de fato mudanças na sociedade.
Para ela, a cena chocante da morte de Floyd, um homem negro que é sufocado por um policial branco, parece ter sensibilizado uma boa parcela da sociedade, que se mostra "disposta a lutar para acabar com a situação de vulnerabilidade e de violência que existe contra a população negra". "Porque acho que o desejo de todo o mundo que viu a cena era falar: 'Sai de cima desse homem, cara, deixa o cara respirar, pelo amor de Deus, o cara está pedindo para respirar'".
A atriz acrescentou que é muito bom ter aliados no combate ao racismo e que é fundamental também que os brasileiros tenham entendimento e esclarecimento sobre a verdadeira história do Brasil, que "romantizou o que foi bárbaro". "Romantizaram a nossa história a ponto de a gente não ter vergonha da escravidão no Brasil.
Somos um país que não tem vergonha da nossa história de tantos anos de escravidão, de tanto sangue derramado, tantas famílias dizimadas. É muito louco como isso foi contado para gente", afirmou.
Somos um país que não tem vergonha da nossa história de tantos anos de escravidão, de tanto sangue derramado, tantas famílias dizimadas. É muito louco como isso foi contado para gente", afirmou.
Em conversa com jornalistas na tarde desta quarta-feira (17), Taís contou que ela e o marido, o ator Lázaro Ramos, conversam sobre como a peça "O Topo da Montanha", encenada por eles, se ressignifica e ganha ainda mais relevância conforme o tempo passa.
"E não é um sinal bom não, é um sinal de que as coisas estão piorando muito". A montagem reinventa o último dia de vida do ativista político americano Martin Luther King (1929-1968), que morreu assassinado na sacada de um hotel em Memphis, no Tennessee.
A mesma percepção, segundo ela, vale para "Aruanas", série da Globoplay que é exibida atualmente na Globo, e que fala sobre um grupo de ativistas que lutam pela preservação do meio ambiente. "Como o mundo tem piorado muito, essas narrativas de temas relevantes, elas vão se ressignificando também. E isso é bem triste", afirma.
Segundo a atriz, o governo atual não faz nada pela preservação da natureza. "Não tem cuidado, tem arbitrariedade, tem desmando. O que é uma pena, porque diz respeito a vida deles [dos governantes], dos filhos deles, da continuidade dos filhos deles, e das famílias deles também. É isso que é de difícil compreensão. [A preservação do meio ambiente] Não diz respeito a minha família, a sua família, diz respeito a família de todos nós", concluiu.Folhapress/Foto:BrunoPress
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