A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), por meio do Programa de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos da Subcoordenadoria de Vigilância Ambiental (Suvam) alerta a população sobre a importância de se reforçar as medidas de prevenção contra acidentes envolvendo serpentes, sobretudo no momento atual, no qual se encontra crítico o estoque de soro antiofídico, decorrente da crise de abastecimento de soros antivenenos- utilizados para tratar picadas de serpentes e outros animais peçonhentos – que afeta todo o país.
Os soros antivenenos são fornecidos unicamente pelo Ministério da Saúde, que desde 2013 vem enviando um número de soros menor do que o solicitado pelos estados. O cenário se deve às adequações necessárias, por parte dos laboratórios produtores, para cumprir as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em virtude disso, são recomendadas algumas estratégias para o enfrentamento da escassez desses insumos, como o controle diário e minucioso dos estoques, centralização em unidades estratégicas e o uso racional desses imunobiológicos seguindo rigorosamente os protocolos clínicos, estabelecidos pelo Ministério da Saúde, a fim de evitar o desperdício.
Segundo a técnica responsável pelo controle dos soros do Programa de Vigilância de Acidentes por Animais Peçonhentos da Sesap, Luanna Oliveira, “o estoque de soro antibotrópico (contra jararaca) está muito reduzido, tornando-se insuficiente para atender a demanda crescente dos acidentes.
Na rede hospitalar de referência para esses atendimentos no RN, dispomos apenas do quantitativo para atender dois acidentes graves. Pedidos extra rotina e antecipação de rotina vêm sendo solicitados, com vistas a minimizar possíveis transtornos e indisponibilidade dos insumos, mas a situação do Ministério da Saúde também é delicada com estoques reduzidos para atender todos os estados, além de enfrentar dificuldades com a diminuição dos voos para transporte desses insumos. Mas a perspectiva é que novo pedido chegue no RN nesta quarta-feira (10)”.
A técnica acrescenta que o Ministério tem se empenhado para a regularização da distribuição dos imunobiológicos e vem trabalhando conjuntamente com laboratórios na discussão dos cronogramas de entrega, com vistas a reduzir possíveis impactos no abastecimento desses insumos no país.
Buscando efetivar o controle dos soros, durante essa crise de abastecimento, a Sesap precisou centralizar estrategicamente os hospitais que ofertam soros antivenenos. Em 2013, reduziu-se de 19 unidades hospitalares para seis. Diante da nova crise vivenciada em 2019, foi necessário centralizar ainda mais a oferta desse serviço e atualmente há no RN quatro unidades hospitalares que dispõem desses insumos: Hospital Giselda Trigueiro (Natal), Hospital Tarcísio Maia (Mossoró), Hospital Regional do Seridó (Caicó), Hospital Dr. Cleodon Carlos de Andrade (Pau dos Ferros).
“De acordo com dados epidemiológicos, estamos nos aproximando do período em que se evidencia um aumento no número de acidentes com serpentes, portanto é imprescindível que ações educativas sejam intensificadas pelas equipes de vigilância epidemiológica de cada município visando a orientar a população sobre as medidas de prevenção contra esse tipo de acidente”, explica Luanna Oliveira.
Prevenção: Entre os cuidados para prevenção de acidentes com serpentes recomendados pelo Ministério da Saúde estão: usar sapatos fechados de cano alto ou perneiras ao caminhar na mata ou entre folhas secas, ter muita atenção e usar luvas de couro ao manejar locais onde as serpentes possam estar presentes, como matas, tocas, troncos e lenhas de árvores, no amanhecer e no entardecer, evitar aproximar-se de vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que serpentes estão em maior atividade, não colocar as mãos desprotegidas em buraco e cupinzeiros, folhas secas, monte de lixo, lenha e palhas, evitar acúmulo de lixo ou entulhos que possam atrair ratos ou outros pequenos animais, um dos principais alimentos das serpentes. Trabalhadores rurais devem fazer uso de equipamentos de proteção individual (EPI).
Em caso de acidente, deve-se lavar o local da picada apenas com água e sabão, procurar o serviço de saúde mais próximo, se capturar o animal, levá-lo junto para ser identificado, o que ajudará no tratamento, com o uso do soro específico para cada tipo de envenenamento ou informar ao médico o máximo possível de características do animal, como: fotos, tipo do animal, cor, tamanho. Além disso, não se deve amarrar o braço ou perna picada, fazer prática de torniquetes ou garrotes, perfurar o local da picada nem utilizar materiais como pó de café, folhas, álcool, querosene, ou outros contaminantes, nem chupar o local da picada.
Centro de Assistência Toxicológica do RN (Ceatox): A Sesap disponibiliza o Ceatox, para orientação por telefone em qualquer situação de envenenamento.
O Ceatox é uma unidade pública de referência no Estado, que executa ações de suporte e apoio a profissionais e população em geral nos casos de intoxicação ou suspeita de envenenamento. Para isso, funciona em regime de plantão permanente 24h por meio dos números telefônicos: 0800 281 7005 / 3232.4295 / 98125-1247 / 98803.4140 (WhatsApp).
O objetivo principal é garantir informação toxicológica voltada à prevenção de acidentes, proteção e promoção à saúde nas situações de risco de natureza toxicológica provocadas por animais peçonhentos, medicamentos, saneantes, raticidas, plantas tóxicas, cosméticos, produtos químicos industriais, agrotóxicos, poluentes industriais e quaisquer outras substâncias potencialmente agressivas ao ser humano. Foto:Pixabay
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