Reabertura das atividades econômicas exige responsabilidade das empresas ou haverá retrocesso na retomada

A governadora Fátima Bezerra disse em entrevista coletiva nesta terça-feira, 30, que o início da retomada gradual das atividades econômicas programada para esta quarta-feira, 1º de julho, é uma decisão tomada com base nas análises feitas pelo Comitê Científico de assessoramento ao Estado na pandemia, que apontam a redução da taxa de transmissibilidade e a ocupação de leitos.

"Esses indicadores orientam a retomada gradual e segura das atividades após mais de 100 dias do primeiro decreto com as medidas de proteção no enfrentamento ao novo coronavírus", afirmou.

A chefe do Executivo estadual alertou que as medidas restritivas continuam valendo. "Carreatas, passeatas, manifestações que gerem aglomerações continuam proibidas e o governo será rigoroso na fiscalização", disse, conclamando os prefeitos e autoridades municipais a fortalecerem o Pacto Pela Vida.
O Governo vai fiscalizar o cumprimento das normas e protocolos sanitários pelas empresas na realização de suas atividades e dará todo suporte através dos órgãos da segurança pública, do Procon RN e da Vigilância Sanitária às prefeituras que devem somar nesta fiscalização. Os municípios com mais de 15 mil habitantes devem definir horários para o funcionamento do comércio e do transporte público.

Fátima Bezerra ressaltou que o momento não é de liberação geral. O plano que começará a ser executado estabelece a retomada gradual das atividades e precisa contar com o comprometimento dos empresários, trabalhadores e poderes para que as normas de sanitárias e de distanciamento social sejam cumpridas.

“Precisamos manter o esforço concentrado, através do Pacto pela Vida, para que possamos dar este passo de retorno às atividades com segurança. Ainda não vivemos tempos de normalidade. A situação requer cautela e há a necessidade imperiosa de mantermos o distanciamento e o isolamento social associados ao uso obrigatório da máscara", reforçou governadora.

O plano de reabertura gradual das atividades econômicas do Governo do RN tem como base uma proposta apresentada pelos setores produtivos representados por federações como as do Comércio e da Indústria. 

"Portanto, os empresários também devem somar neste esforço cumprindo as regras sanitárias e medidas protetivas, orientando e fornecendo insumos de prevenção aos empregados. A retomada deve ser muito organizada e responsável para que não tenhamos um retrocesso, como ocorreu em outros Estados. Se houver aumento da contaminação e da ocupação de leitos não hesitaremos em voltar a restringir as atividades para proteger a vida das pessoas. Nosso Governo não abre mão da defesa da vida. Tomamos esta decisão com muita responsabilidade para retomada consistente e gradual", afirmou a governadora. 

RETOMADA REQUER OBEDECIMENTO DE REGRAS: “O Comitê Científico monitora diariamente o comportamento da pandemia. Devemos agir com cautela e cuidado. O momento é também de reforçar as ações do Pacto pela Vida para que não seja preciso retroagir caso haja mudança do quadro de transmissibilidade e ocupação de leitos", explicou, para acrescentar que "se aumentar a taxa de transmissibilidade, que vem reduzindo, se houver aumento da demanda por leitos, e se não houver compromisso com as medidas sanitárias a suspensão das atividades vai voltar mais rígida. Não é ‘liberou geral’. É uma liberação gradual e muito cuidadosa, com planejamento e medidas sanitárias".

EMPRESAS ORIENTAM SEUS FUNCIONÁRIOS: Também durante a coletiva de imprensa, o professor Juciano Lacerda, do Programa de Pós-graduação em Estudos de Mídia da UFRN e integrante do Comitê Científico destacou a co-responsabilidade do setor produtivo na implementação da retomada. 

Ele alertou que é preciso que as empresas trabalhem com a sociedade para que pessoas não interpretem que está tudo liberado, como ir à praia. As medidas de proteção continuam em vigor. 
"Nas cidades onde houve a retomada, nos primeiros dias a população foi em massa às ruas e houve agravamento da situação. Não queremos isso", lembrou. Juciano considera importante que as empresas e instituições devem atuar através dos seus canais de comunicação nas redes sociais divulgando mensagens educativas, cuidados que devem continuar sendo adotados e informando sobre como cada segmento vai funcionar.

LEITOS: O Governo do RN continua investindo para ampliar a assistência aos casos de Covid-19 e já disponibilizou 415 leitos exclusivos para tratamento da doença. São 214 UTIs e 201 leitos clínicos em todo o Estado. Nos últimos 15 dias foram instalados mais 42 leitos de UTIs na rede estadual e nos próximos dias serão abertos mais 67, sendo 15 no Hospital João Machado, 10 no Hospital Walfredo Gurgel, mais 10 em Macaíba, outras 10 em Assu, 5 em João Câmara, mais 5 em Currais Novos, 5 em Santo Antônio, 5 em São Gonçalo e 2 em Caicó.

APOIO AOS MUNICÍPIOS: Sobre o apoio governamental aos municípios, o secretário de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Francisco Araújo, explicou que as Polícias Militar e Civil e o Corpo de Bombeiros Militar irão atuar na fiscalização e atenderão as solicitações para que sejam respeitadas as medidas protetivas e o distanciamento social. 
"Lembramos que a retomada gradual das atividades econômicas não suspende a proibição de aglomerações, prática de esportes coletivos e festas. Isto ainda não é permitido e o sistema de segurança irá atuar para garantir o avanço na retomada das atividades e a saúde coletiva. O Pacto pela Vida continua", disse Araújo.

DADOS EPIDEMIOLÓGICOS: O secretário adjunto da Saúde Pública (Sesap), Petrônio Spinelli, confirma que há no RN nesta terça-feira 46.427 casos suspeitos de pessoas com Covid-19, 30.010 confirmados, 1.034 óbitos (3 nas últimas 24 horas) e 167 óbitos em investigação.

Há nos hospitais das redes públicas e privadas 731 pessoas internadas, sendo 372 em leitos críticos. A taxa de ocupação geral é de 93,7% de leitos críticos, sendo que no Oeste (Mossoró) e em Guamaré este índice chega a 100%. O percentual continua próximo da totalidade em Natal (97,3%), mas reduz em Caicó (79,3%) e em Pau dos Ferros (63%).

Na fila de regulação, 30 pacientes esperam leitos de UTI e há 10 vagas disponíveis. "A população precisa entender que as condições que fizeram a melhoria ainda tímida da pressão por leitos e redução da taxa de transmissibilidade do vírus só podem ser sustentadas se o isolamento for mantido. A responsabilidade é de todos", encerrou Spinelli.Fotos:Elisa Elsie

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