Transformar pensamento machista requer tempo e educação ,diz Thiago Lacerda

Embalado pelo amor que sente por Elisabeta (Nathalia Dill), em "Orgulho e Paixão", novela das seis da Globo que acaba no dia 24, Darcy (Thiago Lacerda) aprendeu a questionar seus preconceitos. E Lacerda, 40, diz estar satisfeito com o rumo de seu personagem, que foi de carrancudo a príncipe encantado na trama assinada por Marcos Bernstein.

"A gente sabia que tinha tudo nas mãos para fazer uma novela bacana. A história é o que se presta a ser: despretensiosa, com romance. Uma adaptação muito interessante que sempre traz as referências da obra de Jane Austen [autora britânica que inspirou a novela]."

Para o ator, a transformação das pessoas é o que há de melhor em um relacionamento amoroso e que ele já mudou a sua forma de pensar por causa de relacionamentos. "Darcy se contaminou rapidamente pelo espírito da Elisabeta. O amor é uma estrutura muito poderosa. O que mais me encantou na novela foi a possibilidade de duas pessoas tão diferentes se conectarem por meio do amor", diz o ator, casado com a atriz Vanessa Lóes há 17 anos.
Nos últimos capítulos de "Orgulho e Paixão", Lady Margareth (Natália do Vale), sempre disposta a acabar com a felicidade do casal, armou um plano, com a ajuda de Xavier (Ricardo Tozzi), para matar Elisabeta.

Quem acabou ferido foi Darcy, que entrou em luta corporal com o fazendeiro Virgílio (Giordano Becheleni), contratado por Xavier para fazer o trabalho sujo contra sua amada.

Durante a briga, ele levou uma facada. Agora, o casal buscará provas para incriminar a megera, que se finge de louca para não ser presa. Na opinião de Lacerda, Lady Margareth deve ser responsabilizada por suas atitudes.

"Existem algumas situações que o autor está criando para esses últimos dias de novela. Vamos ter alguns desencontros até o último momento, para que o final seja uma alegoria surpreendente."

ELAS NO COMANDO-Em "Orgulho e Paixão,' foi Elisabeta quem pediu Darcy em casamento, o que é apenas um exemplo da força da mulher retratada na trama. O ator comemora a projeção que a novela dá ao feminismo e diz que discutir o assunto é fundamental.

"É muito legal, por meio de um instrumento de comunicação de massa que é a novela, podermos projetar o olhar para a origem desse questionamento", avalia. E diz que tem se questionado. "Sou homem do meu tempo, que viveu e vive o preconceito. Além de termos nossas histórias pessoais, temos a da nossa gente. Uma cultura machista, escravocrata e preconceituosa. Transformar requer educação e tempo."

Os 20 anos de carreira de Thiago Lacerda estão cheios de personagens históricos e biográficos. Ele já interpretou Capitão Rodrigo ("O Tempo e o Vento"), Hamlet (de William Shakespeare, 1564-1616), o guerrilheiro Giuseppe Garibaldi ("A Casa das Sete Mulheres") e até mesmo Jesus Cristo. O atual, Darcy, é um personagem da autora Jane Austen (1775-1817) já conhecido do público.

"Quando você vai contar a história de um personagem que as pessoas já conhecem, bate um certo medinho. Você pensa: caraca, que pepino. Então, é hora de refletir sobre como contribuir com esse imaginário já existente e oferecer a sua leitura sem ofender", conta o ator.

A ideia de Lacerda foi unir a rigidez britânica original do personagem a um enxerto de leveza brasileira. "Esse é o meu Darcy. É bacana quando as pessoas curtem, mesmo que não seja como o da referência delas. É uma das coisas que mais me envaidecem em relação a este trabalho", finaliza Lacerda.Com informações da Folhapress/Foto:AgNews/Deividi Correa (Foto de arquivo) 

Comentários