O novo presidente angolano, João Lourenço, foi investido nessa terça-feira no cargo para os próximos cinco anos, depois de 38 anos sucessivos no poder do governante histórico José Eduardo dos Santos, que decidiu não concorrer a um novo mandato.
Lourenço, general na reserva, de 63 anos, é o terceiro presidente que Angola conhece desde a sua independência, em novembro de 1975, e assume o governo de um país mergulhado em uma séria crise econômica e social, com o desafio de manter a estabilidade política e recuperar o crescimento de um dos maiores estados produtores de petróleo do mundo.
Ele assumiu o compromisso de lidar com os "problemas da nação" ao longo do mandato, com uma "governança inclusiva, onde neste novo ciclo político que hoje se inicia, legitimado nas urnas, a Constituição será a nossa bússola de orientação e as leis o nosso critério de decisão", apontou.
"Uma vez investido no meu cargo, serei o presidente de todos os angolanos e irei trabalhar na melhoria das condições de vida e bem-estar de todo o nosso povo", afirmou o novo chefe de Estado angolano que recebeu o poder das mãos de Santos, a quem elogiou por ter "cumprido a sua missão com um brio invulgar".
Melhora de vida-Em discurso de quase uma hora, perante milhares de pessoas, duas dezenas de chefes de Estado e do Governo e centenas de convidados nacionais e internacionais, durante a cerimônia de posse, na capital Luanda, João Lourenço enfatizou a melhoria das condições de vida dos angolanos será prioritária.
"Para corresponder à grande expectativa criada em torno da minha eleição e a confiança renovada no MPLA [partido governista], governarei usando todos os poderes que a Constituição e a força dos votos dos cidadãos expressos nas urnas me conferem", disse.
Recordando que a "construção da democracia deve fazer-se todos os dias", apontou que essa missão "não compete apenas aos órgãos do poder do Estado", sendo antes "um projeto de toda a sociedade, um projeto de todos nós. Vamos por isso construir alianças e trabalhar em conjunto para podermos ultrapassar eventuais contradições e engrandecer, assim, o nosso país".
Em uma aparente crítica aos partidos da oposição, que questionam os resultados oficiais das eleições gerais de 23 de agosto, João Lourenço afirmou, perante os aplausos do público, que "o interesse nacional tem de estar acima dos interesses particulares ou de grupo, para que prevaleça a defesa do bem comum".
A posse se deu no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda, no mesmo local e dia (26 de setembro) em que José Eduardo dos Santos foi investido pela última vez como chefe de Estado, após as eleições de 2012.
O ato marcou a saída do poder de José Eduardo, que liderava o país desde 1979 - o segundo presidente há mais tempo no poder em todo o mundo - e que não se recandidatou ao cargo nas eleições de 23 de agosto último.* Com informações das agências Lusa e Télam/Foto: Pedro Parente/Lusa