Um ofício enviado pela Infraero ao Ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil afirma que a concessão à iniciativa privada de alguns aeroportos lucrativos sob o comando da estatal irá gerar gastos extras de mais de R$ 3 bilhões ao governo federal.
Com a medida, de acordo da estatal, a Infraero ficará no vermelho por mais de 15 anos, com um déficit de cerca de R$ 400 milhões anuais.
Na quarta (23), o governo anunciou a privatização de 18 aeroportos, como Congonhas e Recife - dois dos mais lucrativos da Infraero.
Segundo informações divulgadas na imprensa, o documento foi enviado, no dia 17 de agosto, pelo presidente da estatal,Antônio Claret de Oliveira, ao ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella Lessa.
Em resposta, o ministro dos Transportes afirmou que acredita na sustentabilidade da empresa com a manutenção de outros aeroportos lucrativos, como Santos Dumont.
"(...) A inclusão de mais aeroportos superavitários da rede Infraero (a exemplo de Santos Dumont, Congonhas, Curitiba e Recife) nas concessões em bloco trará, inevitavelmente, a dependência de recursos do Tesouro para manutenção do custeio da Infraero", diz trecho do documento.
O temor é que a concessão prejudique os chamados "subsídios cruzados" --o fato de aeroportos mais lucrativos da estatal sustentarem os deficitários.
Dos 54 aeroportos da Infraero, só 17 são superavitários; e 5 deles respondem por 38% de toda a receita da estatal: Congonhas, Santos Dumont, Curitiba, Recife e Manaus.
"Desta forma, caso o governo decida pela concessão dos 3 blocos de aeroportos, conforme vem sendo veiculado pela imprensa, esta empresa [Infraero] se tornará dependente de recursos do Tesouro para manutenção do seu custeio (...)", ainda segundo o documento.Foto:Reuters