As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito devem convergir para aquelas cobradas no parcelamento de fatura com as mudanças nas regras de uso do cartão.
No entanto, o consumidor só deve sentir a mudança a partir de maio, afirma Rubens Fogli, membro da Associação da Indústria de Cartões(Abecs) e coordenador das mudanças no rotativo dentro da associação.
No final de janeiro, o CMN (Conselho Monetário Nacional) anunciou regras que impedem bancos de deixar o cliente no rotativo por mais de um mês, com o objetivo de impedir que as dívidas virem uma bola de neve. Hoje, os juros do rotativo beiram os 500% ao ano.
Caso o cliente não consiga quitar a fatura integralmente, precisará ser direcionado a uma linha de parcelamento de fatura. Hoje, esse tipo de crédito tem taxas perto de 200% ano ano.
Nas últimas semanas, os grandes bancos anunciaram como será essa transição dos clientes e também redução no custo do crédito, indicando essa convergência de taxas. A expectativa é que isso possa afetar as receitas dos bancos.
Fernando Chacon, presidente da Rede e novo presidente da Abecs, avalia que só o “fluxo” vai responder se os bancos conseguirão manter margens mesmo com a cobrança de juros menores no cartão. Os bancos esperam que a queda da inadimplência ajude a manter a rentabilidade do produto.
“Só o fluxo vai dizer se será possível compensar a possível receita do rotativo com a possível receita do parcelado e o aumento da adimplência”, afirmou.
A Abecs começou a divulgar um monitor de taxas de juros, com as mesmas informações enviadas ao Banco Central. Será divulgada a taxa média dos grandes bancos, segundo a associação.
Fogli disse ainda que as taxas de juros ainda registraram alta nos últimos meses, mesmo com a queda da inadimplência, por uma “seleção adversa”. “Clientes que continuaram usando o rotativo são de pior perfil”, diz.
Mesmo antes das novas regras dos cartões, os grandes bancos vinham incentivando clientes a contratar o parcelamento de fatura, com taxas menores e de menor risco de inadimplência.
Chacon prevê que os bancos ainda precisarão fazer ajustes no formato do rotativo e na comunicação com os clientes após o início do parcelamento automático.“O foco foi implantar em 3 de abril. A adaptação acontece em um segundo momento”, disse.
As transações com cartões devem crescer 6,5% em 2017, para R$ 1,2 trilhão, segundo estimativa da Abecs. O avanço deve ser maior nas operações de débito, 9%, enquanto as operações a crédito devem crescer 4,9%.
Em 2016, o crescimento percentual foi semelhante ao projetado. No entanto, a inflação de 6,3% do ano passado indica que o mercado de cartões terminou o ano estável, em termos reais.Folha de S. Paulo/Foto:Divulgação