Você já deve
saber que o Brasil é o país que mais homofóbico e
transfóbico do mundo. De acordo com levantamento do Grupo Gay da
Bahia (GGB), a única entidade que registra esses crimes por aqui, um LGBT é
assassinado a cada 27 horas no país. Desse total, 52% eram gays, 37% travestis,
16% lésbicas, 10% bissexuais, segundo dados de 2015. A homofobia mata inclusive
pessoas não LGBT: 7% de heterossexuais confundidos com gays e 1% de amantes de
travestis.
Proporcionalmente,
as travestis e transexuais são as mais vitimizadas. Pra você ter uma ideia,
o risco de uma pessoa transgênero ser assassinada é 14 vezes maior que um
gay. Segundo agências internacionais, mais da metade dos homicídios contra
transexuais do mundo ocorrem no Brasil.
A cada 27 horas uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil |
Perfil regional-São Paulo é o estado que mais
matou LGBTs em termos absolutos, com 55 assassinatos, seguido pela Bahia, com
33 mortes. Se compararmos com a população total, Mato Grosso do Sul é o estado
mais homofóbico, com 6,49 de homicídios para cada 1 milhão de pessoas, seguido
do Amazonas, com 6,45. Para a população total do Brasil, o índice de
assassinatos de LGBT é de 1,57 para cada milhão de habitantes.
Em 2015, foram
documentadas mortes violentas de LGBT em 187 cidades brasileiras.
A capital mais homofóbica foi Manaus, com 23 assassinatos – 11,3 mortes
para cada milhão de habitantes, seguida de Porto Velho, cujas 5 mortes
representam 10,1 por um milhão.
Em termos
regionais, dos 318 assassinatos documentados em 2015, o Nordeste continua
liderando a violência em números absolutos com 106 óbitos, seguido do Sudeste
com 99, o Norte com 50, Centro-Oeste 40 e 21 no Sul. Porém, se
compararmos com o total da população regional, o Norte foi a região mais
homotransfóbica, com 2,9 assassinatos para cada 1 milhão de habitantes,
seguido do Centro-Oeste com 2,6, Nordeste com 1,8, Sudeste com 1,1 e Sul com
0,7 – sendo a média do Brasil 1,5 e o Distrito Federal, 2,1.
Apesar de se
presumir que quanto maior o índice de desenvolvimento humano (IDH), menor a
violência, já que sul e sudeste são as regiões com menos ocorrência de crimes
homofóbicos (0,8 por milhão no Sul contra 2,9 no Norte) dois estados nortistas
não registraram nenhuma morte, Acre e Roraima, provavelmente devido à omissão
dos órgãos de segurança pública em divulgar tais estatísticas. Nos últimos
quatro anos, o Acre registrou 3 “homocídios” e Roraima 6.
Perfil das vítimas-A violência
homofóbica atinge todas as cores, idades, classes sociais e profissões.
Predominam as mortes de LGBT menores de 29 anos (58%). Menores de 18 anos
representam 21%, sugerindo a precocidade da iniciação homoerótica e grande
vulnerabilidade, sobretudo das jovens travestis e transexuais profissionais do
sexo.
Quanto a cor
dos LGBT assassinados, 55% eram brancos, 45% negros – e levemente contrário do
perfil demográfico do Brasil. As transexuais e travestis, via de regra oriundas
de camadas sociais mais pobres, acentuam um pouco mais essa mesma
tendência racial, sendo brancas 57% e 43% pardas e pretas.
Perfil das mortes-Predominam as
execuções com armas brancas (37%), seguidas de armas de fogo (32%), incluindo
espancamento, pauladas, apedrejamento, envenenamento.Via de regra
travestis são executadas nas vias públicas (56%), vítimas de armas de fogo,
enquanto gays e lésbicas são assassinadas dentro da residência (36%), com facas
e objetos domésticos, ou em estabelecimentos públicos (8%).
Impunidade-Crimes contra minorias sexuais
geralmente são cometidos de noite ou madrugada, em lugares ermos ou dentro de
casa, dificultando a identificação dos autores. Quando há testemunhas, muitas
vezes estas se recusam a depor, devido ao preconceito anti-LGBT. “Policiais
manifestam sua homotransfobia ignorando tais crimes, negando sem justificativa
sua conotação homofóbica”, diz o relatório.
Somente em 1/4
desses homicídios o criminoso foi identificado (94 de 318), e menos de 10% das
ocorrências redundou em abertura de processo e punição dos assassinos. A
impunidade estimula novos ataques.
“Lastimavelmente,
a violência anti-homossexual cresce incontrolavelmente no Brasil. Nos 8 anos do
governo FHC, foram documentados 1023 crimes homofóbicos, uma média de 127 por
ano; no Governo Lula, subiram para 1306, com média de 163 assassinatos por ano;
nos 5 anos, no Governo Dilma, tais crimes atingiriam a cifra de 1561, com
média de 312 assassinados anuais – mais que o dobro da média dos governos
anteriores”, disse Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia.Foto:Reprodução/Superpride
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