Últimos passos do impeachment marcam semana decisiva no Senado em Brasília

Na última quinta-feira (4), o plenário do Senado recebeu o parecer – aprovado por 14 votos a 5 pela comissão especial – que pede a continuidade do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff. 

Agora, o relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG) precisa ser aprovado pela maioria simples (dos senadores presentes em plenário) para que o julgamento prossiga. Uma vez admitido pelo plenário, em sessão marcada para a próxima terça-feira(9), Dilma enfrentará o julgamento final, previsto para o final deste mês.

Na terça (9), a Presidência do Senado será transferida ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a quem caberá à coordenação dos trabalhos, na fase conhecida como “juízo de pronúncia”. A sessão será iniciada às 9h, suspensa às 13h e retomada às 14h. Uma nova pausa está prevista das 18h às 19h.
Presidentes do Senado, do STF e da comissão do impeachment se reuniram para definir rito a ser seguido no Senado
Após esta primeira fase, chamada de “encaminhamento” – que prevê duração de até 20h – terá início a votação, realizada de forma nominal e aberta, com votos computados por meio de registro eletrônico. Se o plenário entender que não procede a acusação, o processo será arquivado. 

Em caso de acolhimento da denúncia, acusação e defesa serão intimadas para que apresentem, em até 48h, o libelo acusatório – termo jurídico utilizado para a consolidação das acusações e provas produzidas durante as investigações – e, também, a contra-argumentação. Nesse momento, tanto acusação quanto defesa terão que apresentar os nomes das cinco testemunhas a serem convocadas.

Assim que for recebida a contraposição ao libelo acusatório, a sessão de julgamento será agendada e as partes deverão ser notificadas com antecedência de 10 dias. A previsão é que a votação final do impeachment seja realizada entre os dias 25 e 26 de agosto. Ainda não há definição sobre a ordem de chamada – caberá a Lewandowski decidir a questão. Nesse momento, o impeachment só será aprovado com o voto de, pelo menos, 54 senadores (maioria absoluta, ou dois terços dos parlamentares da Casa).

Se o impeachment passar pelo Senado, Lewandowski acata a sentença e Dilma, além de perder o mandato presidencial, fica inelegível por 8 anos, com enquadramento automático na Lei da Ficha Limpa. Se for rejeitado, o processo é arquivado e a presidente afastada reassume o cargo de imediato.

Cunha-A Câmara terá que apresentar uma manifestação ao STF até esta segunda-feira (8) sobre o pedido de suspensão da votação em plenário do processo de cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um mandado de segurança foi protocolado na Corte pelo advogado do peemedebista. 

Na peça, Marcelo Nobre contesta o que chama de “falhas procedimentais” na análise do processo de quebra de decoro parlamentar contra Cunha no Conselho de Ética e na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Quando acionado em decisões anteriores, o STF preferiu se manter afastado e não interferir no andamento das questões da Casa. Entretanto, desta vez, o ministro Luís Roberto Barroso entendeu ser necessária a manifestação da Câmara sobre os pontos questionados. Entre eles, Cunha alega o impedimento do relator do processo no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), e reclama do procedimento de votação adotado (por chamada nominal) na sessão que aprovou o parecer pela perda de mandato. O argumento é de que a metodologia provocou o chamado “efeito manada”, no qual a declaração de votos influenciou nas demais decisões.

Na CCJ, Cunha afirma que houve ilegalidade no procedimento de abertura da sessão para votação do recurso protocolado pela sua defesa, sem alcançar o devido quórum legal. De acordo com a petição, não havia o número mínimo de deputados presentes até o horário-limite para a instalação da sessão.

Mesmo com o pedido de manifestação, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adiantou que existe a possibilidade de leitura do parecer da CCJ em plenário ainda nesta segunda-feira(8). Caso a ação seja concretizada, o caso passa a ter prioridade na pauta de votações.

Polêmica à vista-Para esta semana, Rodrigo Maia adiantou que, além da renegociação das dívidas dos estados (PL 257/16) – cuja tentativa de votação na última terça-feira (2) foi frustrada – também é prioridade a votação do projeto que retira a obrigatoriedade de atuação da Petrobras como operadora única dos blocos contratados pelo regime de partilha em áreas do pré-sal (PL 4567/16).

“Eu tinha nesta semana o PL 257 e na semana que vem o pré-sal. São as duas pautas econômicas prioritárias. Eu prometi para as primeiras semanas uma pauta econômica”, lembrou Maia.

Entretanto, o presidente da Casa foi enfático ao dizer que o PL 4567 só será analisado após decisão sobre a renegociação das dívidas. O adiamento da votação da matéria é visto como uma derrota do governo interino de Michel Temer. A conjuntura fez com que, na última quinta-feira (4), governo e sua base na Câmara definissem apenas um genérico teto de gastos com servidores estaduais para tentar aprovar o projeto – que limita as despesas com pessoal – em troca da votação do pagamento das dívidas dos estados com a União.

O acordo foi fechado entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente interino Michel Temer para convencer os deputados a votar o tema na próxima semana.

“O projeto que estaria pronto para votar esta semana – e que deve ter algumas mudanças para a próxima semana – garante o mais importante, que é o limite de gastos. Isso é o determinante, não deixar que estados e municípios gastem acima da inflação, como aconteceu nos últimos cinco, seis anos, quando todos gastaram 10% acima da inflação. Não tem país que aguente, em um momento de recessão, que as despesas de pessoal e custeio aumentem mais que a inflação”, afirmou Rodrigo Maia.

Comissões-Na Câmara, a comissão especial de combate à corrupção se reúne na terça-feira (9), às 9h30, para ouvir o coordenador da Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, e outros envolvidos nas investigações.

Já na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), também na terça-feira (9), será votado o relatório de Danilo Forte (PSB-CE) sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC 241/2016), que estabelece um limite de gastos públicos federais durante 20 anos. Apesar das críticas, o relator argumenta que o fundo de financiamento da educação, por exemplo, ficará fora da limitação. De acordo com Forte, a medida é importante porque reorganiza as contas do governo e cria um patamar de previsão dos gastos.

“Os deputados querem encontrar uma solução, porque o descontrole em que nos encontramos não pode continuar”, disse Danilo Forte à Agência Câmara.

Entretanto, Maria do Rosário (PT-RS) disse que a PEC impossibilita que os estados ampliem ou criem projetos de desenvolvimento social. Para a deputada, em caso de aprovação, teremos uma geração “sem nenhuma vaga a mais nas universidades, sem uma bolsa de estudo a mais”. “É o fim de projetos de agricultura familiar, e é o fim de projetos de segurança pública feitos pelo governo federal”, destacou, durante reunião de debate da matéria.

Congresso-Com falta de quórum na sessão do último dia 2, o Congresso deve marcar nova sessão durante esta semana para finalizar a análise dos vetos presidenciais que trancam a pauta para que, em seguida, seja realizada a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2017. O adiamento da primeira votação do Congresso na semana passada foi visto como uma derrota expressiva do governo Temer, cuja base aliada não se mobilizou para sequer reunir número mínimo de deputados para aprovar as proposições.Congresso Em Foco/Foto:Jane de Araújo/Agência Senado

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